Análise Sporting 2-1 Gil Vicente: 90 minutos de ansiedade e desespero até à explosão de euforia e às lágrimas de alegria

Uma imagem que marca o jogo (e, quem sabe, o campeonato): as lágrimas de Eduardo Quaresma depois de marcar, no terceiro minuto do período de descontos da segunda parte da receção do Sporting ao Gil Vicente, o golo que valeu aos leões uma vitória que durante grande parte do jogo pareceu uma miragem, perante uma ansiedade e um nervosismo palpáveis entre jogadores e adeptos leoninos a partir do momento em que os gilistas ganharam vantagem.

As lágrimas, que pareciam destinadas a ser de tristeza, foram mesmo de alegria e Alvalade explodiu de euforia.

O Sporting vai mesmo à Luz para defrontar o Benfica no próximo sábado em igualdade pontual com o rival e com o (ligeiro) conforto de saber que pode jogar para dois resultados. Mas teve de sofrer. E muito.

As oportunidades de golo criadas foram poucas, o discernimento também não foi muito (pelo menos até à entrada de Hjulmand), a criatividade esteve longe de aparecer e o desacerto no passe (muito por culpa do tal nervosismo crescente) foi considerável. Valeu ao Sporting, perante um Gil Vicente que se apresentou com um bloco muito baixo, impedindo assim Gyokeres de aparecer como tanto gosta, o acreditar até ao fim, sobretudo depois de Maxi Araújo restabelecer a igualdade, aos 81 minutos.

Um triunfo que se deveu muito mais ao querer do que há qualidade apresentada. Mas, dizem, também é assim que se fazem os campeões. E o bicampeonato, para o Sporting, está agora a uma vitória na Luz (ou a quatro pontos) de distância

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O jogo: Sofrer e desesperar até à euforia final

Rui Borges optou mesmo por deixar o capitão Morten Hjulmand e fora, temendo que o sueco visse um cartão amarelo que o afastaria do jogo na Luz. Na defesa, St.Juste jogou no lugar do castigado Diomande. No resto do onze não houve novidades e o Sporting até criou o primeiro lance de perigo logo aos três minutos, com Trincão a falhar por pouco.

Só que, apesar de dominar, o Sporting não encontrava espaços para criar perigo e quem acabou por marcar foi o Gil Vicente. Arrancada de Mutombo pela esquerda e falta de St.Juste já na área verde e branca, que o árbitro começou por não ver, mas que o VAR viu. Félix Correia não perdoou na conversão do consequente castigo máximo, festejou de forma comedida por ter passado pelos escalões de formação do Sporting, mas os leões acusaram, e muito, o golo.

Na primeira parte só voltaram a ameaçar por uma vez, num remate de Geny Catamo às malhas laterais, e nas bancadas sentia-se um nervosismo que contagiava os jogadores, e vice-versa. Paradigmático o último lance do primeiro tempo: com os segundos a esgotarem-se, St.Juste hesitou uma e outra vez para enviar a bola para o ataque. Os adeptos desesperaram e o árbitro apitou mesmo para o intervalo.

O segundo tempo seguiu na mesma toada, com a mesma ansiedade do lado verde e branco e o Gil Vicente e saber e bem jogar com isso, fazendo com que o nervosismo leonino crescesse ainda mais. Faltava ao Sporting, claramente, serenidade e liderança em campo. E foi aí que coisas começaram a mudar: Rui Borges percebeu que não podia evitar a entrada de Hjulmand e fez o dinamarquês saltar do banco juntamente com Harder e Quenda.

Os leões ganharam algum critério no seu jogo e instalaram-se em definitivo no meio-campo gilista, mesmo que os lances de perigo não aparecessem. Até que, aos 81 minutos, um remate de Harder bateu num adversário e fez a bola sobrar para Maxi Araújo, que com um excelente remate de primeira empatou a partida.

Alvalade voltou a acreditar, os jogadores leoninos também, e Trincão atirou ao poste num livre. Tiago Martins deu cinco minutos de desconto e, no terceiro, o Sporting conquistou um canto. Debast bateu para a área, Adnrew, guarda-redes do Gil Vicente, afastou a soco, a bola caiu nos pés de Eduardo Quaresma e este ajeitou, rematou colocadíssimo, marcou um golaço e partiu para os festejos, sem conter as lágrimas. Atrás dele correram colegas e staff técnico. Alvalade explodia de alegria e o Sporting somava mesmo os três pontos.

A figura: Hjulmand entrou…e tudo mudou

Era uma das dúvidas e foi tema de conversa ao longo da semana: iria ou não Rui Borges arriscar e lançar o seu capitão como titular. Borges não arriscou, Hjulmand começou no banco, mas as circunstâncias do jogo mostravam que o Sporting precisava claramente de um líder em campo. Esse líder entrou aos 63 minutos e foi uma espécie de ponto de viragem. O médio dinamarquês não marcou, nem esteve necessariamente nos lances decisivos que ditaram a reviravolta, mas empurrou a equipa para a frente, oferecendo-lhe mesmo aquilo de que ela precisava.

O momento: Quaresma encheu-se de fé…e Alvalade veio abaixo

Minuto 90+3′: o fim do jogo aproxima-se, o resultado está empatado e o Sporting parece destinado a ir à Luz a dois do Benfica. Mas as contas – diz o povo – fazem-se no fim. Pontapé de canto a beneficiar os leões, Debast bate para a área, Andrew afasta e Eduardo Quaresma enche-se de fé e marca um golaço que fez Alvalade ‘vir abaixo’. As lágrimas escorreram-lhe pelo rosto nos festejos, não contendo a emoção do momento. E percebe-se bem porquê.

As reações

Rui Borges: “Vamos ser felizes porque os jogadores merecem”

César Peixoto: “O Sporting fez dois golos em dois ressaltos”

O resumo

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