Opinião de Rafael Pacheco: O Bola de Ouro

Discutimos sobre Salah, discutimos sobre Raphinha e ainda pouco, apesar de muito, sobre Lamine Yamal. O internacional espanhol chega às 40 contribuições diretas para golo nesta época, com 16 golos e 24 assistências. É o jogador que aparece em qualquer jogo e principalmente nos grandes jogos.

Não tem o número de golos de Salah, não tem o número de golos de Raphinha, mas o que apresenta em jogo não fazem dele o melhor jogador? Arrisco-me a dizer que Vinícius, o teórico “melhor jogador do mundo” na temporada passada, parece um jogador mediano ao lado de Yamal. Não se tratam de números, trata-se da forma como receciona uma bola, da forma como coloca tão bem todos os seus remates, da forma como muda de direção e deixa os adversários no chão, da forma como conduz, da forma como cruza (seja de forma normal ou em trivela) e principalmente na forma como decide. É o jogador que acelera e que consegue parar o ritmo de jogo. Não é o extremo clássico que só pensa em acelerar, é um decidir também.

Gostava de desafiar as principais companhias de estatísticas para analisar quantas pré-assistências fez ao longo desta época, bem como as assistências que foram desperdiçadas pelos seus colegas. Tem uma visão fora do normal, não para a sua idade mas para a globalidade do futebol. É o jogador que me faz ligar a televisão para ver um jogo seu e é talvez o jogador que mais me fascina ver jogar após Messi.

Tem as suas lacunas como evidentes, nomeadamente na disposição para defender em bloco mais baixo, para transições defensivas ou para acompanhar o seu jogador no momento de pressão em pontapé de baliza – um pouco “normal” num jogador da sua posição. Todavia, o que oferece ofensivamente consegue compensar tudo aquilo que deixa a desejar defensivamente. Mais do que a componente técnica ou tática, importa trabalhar a componente mental deste jogador que, a espaços, já começa a mostrar um ego que pode ser difícil de controlar posteriormente – ou talvez esteja a ver coisas onde não existem.

É um jogador que precisa de melhor defensivamente mas que não me acredito ver a ter o mesmo papel que Raphinha, por exemplo. Lamine Yamal terá uma equipa a jogar em seu detrimento e sinto que esse futuro está muito mais perto do que longe. Prefiro sempre um coletivo do que uma individualidade mas ligarei sempre a televisão se Lamine Yamal estiver a jogar.

O Barcelona não venceu a Liga dos Campeões mas chegou às meias finais contra todas as previsões. O Barcelona vencerá a La Liga e venceu a Taça do Rei. Coletivamente, Lamine tem títulos esta época e uma fantástica campanha na Liga dos Campeões. Individualmente, atualmente, não existe melhor.

PS: Rafael Pacheco, treinador e analista de futebol, tem nas bancas o livro “Sucesso Insucesso” que desafia a narrativa tradicional do futebol.

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