O treinador do Sporting, Ricardo Costa, expressou a vontade de continuar a “marcar uma era” no andebol português, após uma época em que voltou a conquistar o ‘triplete’ de títulos nacionais e protagonizou uma prestação histórica na Liga dos Campeões.
Ao renovar as conquistas da Liga, Taça de Portugal e Supertaça, o emblema ‘leonino’ reforçou a hegemonia no panorama luso, bem evidenciada por uma fase final de campeonato totalmente vitoriosa.
“Quando chegámos ao clube, dissemos que queríamos marcar uma era. Não se resume a ganhar um campeonato, uma Taça ou fazer um ‘triplete’. É dominar e estarmos anos a ganhar muito mais do que perdemos. E, acima de tudo, há um sentimento de que ainda há muito por conquistar, nomeadamente a Liga dos Campeões, a possibilidade de alcançar um troféu internacional”, afirmou, em entrevista à Lusa.
Ao percurso interno imaculado juntou-se uma prestação europeia histórica, com os comandados de Ricardo Costa a alcançarem, de forma inédita, os quartos de final da Liga dos Campeões – a melhor campanha de sempre de uma equipa portuguesa desde a reformulação do formato da prova, em 1994.
“Tendo em conta os títulos que conquistámos e a chegada tão longe na Liga dos Campeões, que nenhuma equipa tinha conseguido – tirando o ABC, noutros moldes –, julgo que foi uma das épocas mais marcantes do andebol do Sporting e, diria mesmo, do andebol nacional”, avaliou.
Ainda assim, o técnico garante que o sucesso recente não coloca o Sporting num patamar inalcançável face aos rivais, destacando a valia de FC Porto e Benfica como concorrentes diretos na luta pelos troféus.
“Com os nossos rivais há sempre uma ameaça. Os jogos com o FC Porto decidiram-se nos últimos minutos, nas últimas bolas, sem grande diferença no marcador. Só não aconteceu nos jogos com o Benfica, em que fomos claramente superiores, mas também foi a equipa que nos derrotou na primeira fase. Pela forma como os nossos rivais têm contratado, a luta pelos títulos é titânica”, elogiou.
A derrota referida por Ricardo Costa (38-34), no reduto do Benfica, foi, segundo o treinador, um “toque importante” de alerta para os jogadores e, como tal, um dos momentos-chave da época, que impulsionou uma sequência de resultados positivos posteriores.
Quando assumiu o comando do Sporting, em 2021, levando consigo os filhos Kiko e Martim Costa, tinha em mente construir um plantel jovem, à sua imagem, capaz de dominar as competições a médio prazo, mas admite que não esperava que o processo evoluísse de forma tão eficaz.
“Tínhamos a expectativa de que o Sporting fosse uma equipa que não ganhasse apenas de vez em quando. Se algumas coisas me surpreenderam? Sim. Acertámos em 90% dos jogadores que contratámos. Ninguém conhecia o Thorkelsson, o Edy Silva, o Kristensen ou o Gurri. Eram jovens em quem acreditávamos, com potencial para voos mais altos”, recordou.
No ano em que se disputou o Mundial, com o histórico quarto lugar da seleção portuguesa, Kiko foi eleito melhor jogador jovem, enquanto Martim integrou o ‘sete’ ideal da competição – momentos de orgulho para Ricardo Costa, não só enquanto treinador, mas também como pai.
“Para a nossa família, é algo que sonhámos durante muitos anos. Quando eles eram muito jovens, acalentava o sonho de os ajudar a tornarem-se andebolistas de topo mundial. É um privilégio, enquanto pai, assistir a esse sucesso. E também poder ajudá-los a manter os pés bem assentes na terra, porque tudo pode mudar de um momento para o outro”, lembrou.
Apesar de terem sido figuras de proa da histórica campanha da seleção das ‘quinas’, o que naturalmente desperta o interesse dos grandes clubes europeus, o técnico acredita na continuidade do duo.
“Eles estão felizes por viver em Lisboa, nunca me falaram em querer mudar ou em estarem insatisfeitos com o que têm. O Sporting é um clube que trata bem as pessoas e nós somos muito agradecidos por isso”, concluiu.