Ter 50 jogos ou não ter 50 jogos pela seleção portuguesa de râguebi. É tudo uma questão de contabilidade e critérios.
Nas vésperas do jogo com a Irlanda, no passado sábado, dia 12, no Estádio Nacional, em Oeiras, a Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) anunciou à imprensa que Nuno Sousa Guedes alcançaria a 50.ª internacionalização no histórico duelo da janela internacional de verão.
O jogador cumpriu inclusive o ritual de entrada em campo à frente do capitão, Tomás Appleton (mas não em corrida isolada como manda a tradição quando se celebra estes números redondos), no entanto, não viria a receber no final do encontro a placa alusiva à efeméride.
A razão? Os número da FPR não coincidem com as internalizações registadas pela World Rugby (WR). A organização internacional que regulamenta o râguebi mundial atribui a Sousa Guedes 41 jogos com a camisola dos Lobos.
“A Federação Portuguesa de Râguebi detém uma lista na qual indica que o atleta Nuno Sousa Guedes alcançou 50 internacionalizações (“caps”)”, começou por explicar fonte da FPR à Sportinforma.
Todavia, “o número difere da contagem apresentada pela World Rugby, que aponta para um total inferior a 50”, reconheceu.
“Face a esta divergência”, a federação portuguesa “comunicou à World Rugby os dados constantes da sua própria lista”, adiantou.
A FPR procura, desta forma, esclarecer a discrepância entre jogos em representação da Seleção Nacional com o objetivo de “chegar a uma conclusão definitiva quanto ao número oficial de internacionalizações de Nuno Sousa Guedes”, disse ainda.
Face a estas dúvidas, a Federação Portuguesa de Râguebi decidiu não proceder “à entrega da placa comemorativa das 50 internacionalizações”, no final do encontro entre Portugal e a Irlanda, que terminou com uma pesada derrota portuguesa (7-106).
O fosso entre as duas leituras e registos das duas organizações poderá, de acordo com fonte da FPR, explicar-se “nos jogos disputados durante o período em que a Seleção Nacional participou no Rugby Europe Trophy (três épocas, de 2016 a 2019)”, segunda divisão da Rugby Europe e cuja contagem é da responsabilidade da estrutura europeia.
Questionada, a World Rugby, a organização global acrescenta um novo dado e admite que os números possam não coincidir devido aos diferentes critérios de contabilidade. Uma leitura que é válida para outros exemplos a nível global.
“É improvável que os números sejam iguais porque nos registos da WR contamos apenas as aparições em partidas de test matchs (encontros internacionais entre seleções), enquanto as Federações podem atribuir internacionalizações contra seleções A”, referiu fonte da World Rugby.
No entanto, não é o caso da Federação Portuguesa de Râguebi, cujo critério é o mesmo da WR, isto é, “só atribuímos internacionalizações nos jogos com seleções”, finalizou fonte federativa.