Memes da Bola: Com um remate certeiro a águia volta ao poleiro!

Época nova, velhas emoções: verdes para um lado, vermelhos para o outro. No Estádio do Algarve, a 31 de julho, imaginem só, Julho, Benfica e Sporting frente a frente. Olhos nos olhos, como dois primos que fingem simpatia no Natal mas estão prontos para se matarem à primeira fatia de bolo-rei.

A Supertaça Cândido de Oliveira marca o arranque oficial da época 2025/26 e o jogo entregou tudo… menos qualidade ofensiva. No fim, ganhou o Benfica por 1-0. Mas o verdadeiro vencedor? A ironia.

Logo aos sete minutos, Pedro Gonçalves fez explodir as bancadas verdes e brancas com um golo que mais parecia uma promessa de espetáculo. Assistência de Conrad Harder, Pote com classe a encostar. Só que o VAR, esse parente recente pouco amante das emoções à flor da pele, chato, que revê tudo em “0.25x”, viu que Harder estava ligeiramente adiantado. Golo anulado. O Sporting sentiu o golo anulado como um balde de água fria num dia de inverno. O Benfica agradeceu aos céus, escreveu mais um comunicado e ali, naquele momento, o público percebeu que iria ser uma daquelas noites esquisitas.

A partida do “tanque escandinavo” deixou o ataque do Sporting reduzido a um “brainstorming” de ideias inconclusivas. Harder tentou. Pote tentou. Até Hjulmand tentou. Mas não havia profundidade, nem rasgo, nem aquele jogador capaz de fazer os centrais adversários transpirar frio a terem pesadelos durante semanas a fio.

É verdade que a estrutura estava montada, os movimentos ensaiados, mas sem finalizador, tudo soava a ensaio de teatro sem protagonista. Rui Borges foi mexendo, entrou Suárez (o novo, não o canibal), entrou Kochorashvili (que raios de nome, a pessoa que o registo devia ser gaga), mas o golo… esse ficou na garagem, fechado a sete chaves.

No banco, o “tasqueiro” de Mirandela ia ficando sem saliva e sem paciência. Já no fim, até o staff começou a ser expulso, provavelmente por reincidência em gestos de desespero.

Do lado encarnado, o resultado foi melhor que a exibição. Lage perdeu Kökçü, Di María e Bruma, mas ganhou novos brinquedos: Dahl, Ríos, Barrenechea ou como se diz na gíria , o Barrigacheia. Alguns promissores, outros ainda a parecer jogadores dos Sub-23 em Erasmus. Especial destaque para Rios, o reforço mais leve da história, caiu mais vezes do que um finalista a sair da Queima das Fitas. Se a Supertaça fosse decidida por número de quedas, o Benfica vencia por goleada. Sim, a relva estava escorregadia, mas o rapaz parecia em ensaio para “Dança com as Estrelas”.

Ainda assim, mérito a quem o merece! A Rui Silva! O golo do Benfica chegou aos 50 minutos, num lance digno de “comédia de erros”. Rui Silva, guarda-redes do Sporting, resolveu oferecer um presente. O Sporting aliviou mal a bola, esta sobrou para Pavlidis que, sem pensar duas vezes, meteu lá dentro com um frango caseiro de Rui Silva. Um frango daqueles a lembrar as saudosas almoçaradas com os avós e a bela da cabidela. 1-0 para o Benfica ! Um golo que não nasceu de génio, mas sim de um colapso do sistema defensivo adversário. À moda antiga.

A vantagem encarnada fez o que o medo costuma fazer, levou o Benfica a recuar. O Sporting cresceu, não em eficácia, mas em ocupação territorial. Muitas bolas na área, muitos cruzamentos, mas pouca, muito pouca ameaça real. António Silva e Otamendi fizeram uma muralha de betão à frente da baliza de Trubin, que só teve de sujar os calções uma ou duas vezes.

O Benfica mostrava uma maturidade defensiva que não se via desde… bem, talvez desde Jorge Jesus com máscara. Mérito para a dupla de centrais e para “Barrigacheia”, que limpava o meio-campo como um daqueles camiões municipais depois das festas dos santos.

Lage geriu o jogo como quem esconde comida durante um jantar de família: “toma lá só um bocadinho, e o resto guarda-se para depois”. Trocou, recuou, geriu, e “limpou” o prato principal no fim.

Não seria um dérbi sem o habitual teatro paralelo. O VAR anulou um golo ao Sporting, desperdiçando qualquer vontade de emoção prematura. O árbitro distribuiu cartões como quem distribui panfletos para as autárquicas na baixa, sem critério muito claro. Já nas laterais, houve mais gestos do que numa aula de expressão dramática. Alguns elementos do staff técnico leonino e encarnado acabaram expulsos, provando que às vezes gritar com o 4.º árbitro tem mais impacto que os jogadores em campo.

No final, o Benfica festejou. Era a 10.ª Supertaça, e com ela veio um sopro de moral para uma época onde a fasquia parece estar altíssima. Pavlidis foi o herói improvável, Trubin não sofreu, e a defesa mostrou segurança. No entanto, que fique claro, este Benfica ainda está longe de carburar. A meio da segunda parte, parecia mais interessado em esperar pelo apito final do que em jogar futebol.

O Sporting, por sua vez, saiu como entrou, com mais perguntas do que respostas. Quem vai marcar os golos esta época? Harder tem estaleca para ser titular? E Suárez é mesmo o nome certo para meter medo? A herança de Gyökeres pesa e de que maneira. Rui Silva, coitado, terá pesadelos com aquele golo durante semanas.

Venha a nova época que nós cá estaremos para a satirizar.

Viva o futebol!

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