Yago Dora e Molly Picklum venceram a Lexus WSL Finals e sagraram-se campeões mundiais de surf da temporada 2025. Griffin Colapinto e Caroline Marks, terminaram o ano como vice-campeões.
Este é o primeiro título do Championship Tour (CT), circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), para o surfista brasileiro, em estreia neste modelo competitivo de finais, e para a australiana, três vezes finalista, em cinco anos.
O surfista natural de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, venceu duas finais na época regular (Meo Rip Curl Portugal Pro, Supertubos, Peniche, na estreia de subidas ao lugar mais alto do pódio, e Lexus Trestles Pro, na Califórnia).
Conquista o oitavo título mundial para o Brasil, em 11 anos, “tempestade brasileira” iniciada em 2014, por Gabriel Medina, duas vez campeão do mundo. Adriano de Souza (1), Italo Ferreira (1) e Filipe Toledo (2 títulos mundiais) fecham a galeria.
“Cresci a ver brasileiros antes de mim a dominar e ganharem títulos mundiais, e é uma honra fazer parte dessa lista de nomes”, confidenciou Yago Dora.
“É de loucos que o ano inteiro seja decidido num só heat. Ainda bem que veio para mim e estou na lua, estou tão contente”, expressou.
“Estou feliz por ter assumido este ano como o fiz. É uma grande responsabilidade fazer isto sozinho, mas estou muito feliz por tê-lo feito e por ter tomado a decisão certa”, concluiu o brasileiro que se estreou na elite em 2018.
A herança australiana
Na época regular, Molly Picklum terminou em primeiro na etapa brasileira, VIVO Rio Pro e no Lexus Tahiti Pro, respetivamente nona e 11:ª e última etapa da temporada. Foi vice-campeã em Abu Dabi, Trestles e J-Bay, na África do Sul.
“Sinto que foi a cereja em cima do bolo pelo que fiz à minha carreira e vida pessoal”, disse Picklum, a jovem surfista a quem, inicialmente, parecia faltar palavras.
Após uma época quase perfeita, que será “recordada para a vida”, vencer a final e “ser a indiscutível e inegável campeã é algo que sonhava”, contou.
“É uma ótima caminhada para uma miúda da Costa Central crescer a olhar para a Steph (Gilmore), Layne (Beachley), Sally (Fitzgibbons) e Tyler (Wright) e todas elas e agora fazer parte dessa lista, fico honrada e grata”, confessou a australiana que entrou no CT em 2022 e se junta, três anos depois, à galeria de sete campeãs mundiais oriundas desta nação do Hemisfério Sul, país com 22 títulos mundiais no feminino.
“Houve tantas mulheres incríveis no surf que vieram antes de nós e abriram caminho para que eu e outras chegássemos cá e fizéssemos o que amamos”, frisou.
“Ter toda a Costa Central a apoiar-me, a minha equipa ao meu lado, o ano todo, a minha família e amigos, eles conhecem-me e sabem o quanto trabalho duro, pelo que conseguir isto na frente deles é muito, muito especial”, finalizou Molly Picklum.
Yago, campeão à primeira
Líderes do ranking nas 11 etapas que antecederam a final entre os 10 eleitos, top-5 masculino e feminino, disputado pela primeira vez nas Fiji, em Cloudbreak, após quatro edições em Lower Trestles, Estados Unidos da América (EUA), Yago Dora e Molly Picklum aguardaram, pacientemente, para conhecer o adversário da final que decidiria o título do CT.
Dora, 29 anos, somou 15,66 pontos (7,33+8,33) no agregado das duas melhores ondas e necessitou apenas de um heat para vencer Griffin Colapinto, (12,33 pts), que cumpriu a terceira final da carreira.
O debute de Yago Dora no modelo “winner-takes-all” beneficiou, assim, da novidade deste quinto e último “mata-mata” da história da WSL, já que, em 2026, o circuito contemplará 12 etapas, sem finais entre os top-5.
Colapinto, norte-americano de 27 anos, 3.º do ranking antes da WSL Finals, eliminou Italo Ferreira (4.º classificado depois de afastar Jack Robinson, 5.º) e o veterano sul-africano, Jordi Smith (3.º da tabela final).
Picklum, na ‘negra’
Molly Picklum, 22 anos, foi levada “à negra”, ao terceiro heat, na disputa com a ex-campeã mundial, Caroline Marks, 23.
A norte-americana superiorizou-se na primeira bateria (12,50 pontos contra 10,50) e levou a disputa para “à melhor de três”. Viria a claudicar nas duas seguintes idas à água perante a manifesta superioridade de Picklum.
No heat decisivo, a australiana de Terrigal, Nova Gales do Sul, que conquista o primeiro título mundial, fez duas ondas de excelência e foi pontuada com 16,93 pontos (8,83+8,10).
Marks, vice-campeã pelo segundo ano consecutivo, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Paris2024 e campeã mundial em 2003, despediu-se da temporada com um 6,34 pts depois de ter escalado do primeiro heat, eliminando, sucessivamente, Bettylou Sakura Johnson (5.ª da hierarquia na elite da WSL), em estreia, Caitlin Simmers (4.ª), ex-campeã mundial e Gabriela Bryan (3.ª), também estreante.