Ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol defende expulsão de equipa israelita da Vuelta

José Manuel Albares, ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, é a favor da expulsão da equipa Israel-Premier Tech da Volta a Espanha em bicicleta, devido a atuação de Israel em Gaza, onde vários especialistas consideram estar em curso um genocídio do povo palestiniano.

No entanto, o governante lembrou que só a União Ciclista Internacional (UCI) pode expulsar equipas da prova.

“Compreendo-o e eu seria partidário disso”, respondeu Albares, quando questionado pela rádio pública espanhol (RNE) se a equipa israelita devia ser expulsa, como defendem muitos espanhóis, frisando que o executivo de Pedro Sánchez “não teve nada a dizer” sobre a participação da equipa israelita na Volta a Espanha.

José Manuel Albares recordou o exemplo da Rússia, expulso de provas desportivas internacionais quando invadiu a Ucrânia em 2022 para dizer que não se pode “continuar a ter uma relação de normalidade com Israel como se nada estivesse a acontecer”.

“Temos de mandar a mensagem a Israel, à sociedade de Israel, eles têm de compreender que a Europa e Israel só se podem relacionar, como diz o artigo 2 do Conselho de Associação [acordo bilateral Israel-UE], quando se respeitam os direitos humanos”, disse Albares.

Muitos espanhóis têm vindo a demonstrar o seu desagrado pela presença da equipa israelita na Vuelta, com protestos em vários locais onde passa a prova, que já provocaram quedas e paragens de etapas.

A 11.ª etapa terminou mesmo sem vencedor após a presença de milhares de manifestantes perto da meta, em Bilbau, em protesto contra a situação que se vive em Gaza. Kiko García, diretor técnico da Volta a Espanha, sugeriu que a Israel-Premier Tech deveria abandonar a prova por questões de segurança, mas a equipa israelita não aceitou e continua na Vuelta.

A União Ciclista Internacional (UCI) já se pronunciou e, em comunicado, recordou “o compromisso com a neutralidade política, a independência e a autonomia do desporto”, frisando o desporto não deve “ser usado como ferramenta de punição”.

“A UCI expressa toda a sua solidariedade e apoio às equipas e aos seus funcionários, assim como aos ciclistas, que devem poder exercer a sua profissão e paixão em ótimas condições de segurança e serenidade”, escreveu o organismo.

A ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza já fez mais de 63 mil mortos, de acordo com números das autoridades do enclave palestiniano. A ofensiva foi a resposta israelita ao ataque do Hamas no seu terrótório, a 07 de outubro, que causou a morte de 1200 pessoas e fez 250 reféns.

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