A vida não tem estado fácil para o homem que levou a seleção de Portugal à maior conquista da sua história. Depois das conquistas do EURO 2016 e da Liga das Nações em 2019, despediu-se do leme da Equipa das Quinas com um desempenho amargo no Mundial 2022, onde Portugal esteve longe de deslumbrar. apesar de até atingir os quartos de final, onde foi eliminado por Marrocos.
O desempenho aquém das expetativas no Qatar (aliado a um visível desentendimento com Cristiano Ronaldo) fez perceber que a Seleção precisava de um novo timoneiro e Fernando Santos foi substituído por Roberto Martínez.
A contas com a Autoridade Tributária
Por essa altura, veio também a público a notícia de que a Autoridade Tributária (AT) exigia que Fernando Santos pagasse mais 4,5 milhões de euros de IRS, suspeitando que o selecionador nacional teria recebido os salários de 2016 e de 2017 através de uma empresa fictícia. De acordo com as contas da AT, Fernando Santos recebeu quase 10 milhões de euros da FPF entre 2016 e 2017, no entanto declarou apenas um salário anual de 70 mil euros, o equivalente a cinco mil euros mensais.
O treinador recorreu para o tribunal arbitral relativamente a esta decisão, mas o Supremo Tribunal Adminitrativo decidiu não aceitar esse recurso. Ainda assim, o Ministério Público afastou o cenário de crime fiscal.
Só seis jogos ao leme da Polónia
Dentro de campo as coisas também não continuavam fáceis. Fernando Santos até não demorou muito a encontrar novo emprego, assumindo o cargo de selecionador da Polónia. Mas, ao leme da seleção Lewandowski e companhia, durou apenas seis jogos.
Estreou-se a 24 de março de 2023 com uma derrota ante a Chéquia no apuramento para o EURO 2024, seguiu-se uma vitória caseira, por 1-0, sobre a Albânia, e outra, em encontro amigável, pelo mesmo resultado, contra a Alemanha, mas nova derrota na fase de qualificação, contra a Moldávia, fez levantar alguma contestação. Um triunfo por 2-0 sobre as Ilhas Faroé atenuou essa contestação, mas uma derrota na Albânia a dez de setembro de 2023 ditou o seu despedimento ao fim de apenas seis meses como selecionador da Polónia. Em seis jogos somou três vitórias e três derrotas.
Regresso ao universo dos clubes não correu bem
Uma vez mais não demorou muito até encontrar novo trabalho. Em janeiro de 2024 era apresentado como treinador do Besiktas, voltando assim a orientar um clube, algo que não sucedia desde 2010, quando deixou o PAOK e se tornou selecionador da Grécia. Mas também não aguentou muito tempo no comando técnico da formação turca.
O arranque foi com duas vitórias, depois esteve três jogos sem ganhar, até somou uma sequência de cinco vitórias e um empate nos seus jogos que se seguiram mas três derrotas e dois empates sem qualquer triunfo entre março e abril ditaram o seu despedimento à 32.ª jornada, ainda antes do fim do campeonato.
Nenhuma vitória no Azebaijão
Fernando Santos assumiu depois, então, o cargo de selecionador do Azerbaijão, no verão de 2024. Mas começou com quatro derrotas nos quatro primeiros jogos, na faz de grupos da Liga C da Liga das Nações. Perdeu com Suécia, Eslováquia (duas vezes) e Estónia.
Ao quinto jogo evitou enfim a derrota, empatando em casa a zero com a Estónia, antes de ser goleado por 6-0 na Suécia, levando o Azerbaijão a cair para a Liga D.
Seguiram-se quatro jogos amigáveis sem qualquer vitória: derrotas frente a Haiti (0-3), Bielorrússia (0-2) e Hungria (1-2) e empate (0-0) com a Letónia. Depois, na passada sexta-feira, nova derrota no arranque da qualificação para o Mundial 2026 – e pesada, por 5-0, na Islândia – ditou o despedimento.
Quer isto dizer que, se somarmos os 10 jogos sem ganhar de Fernando Santos como selecionador do Azerbaijão aos últimos cinco como treinador do Besiktas, o técnico não somou qualquer vitória nos seus últimos 15 encontros (4 empates, 11 derrotas). E, desde que deixou o leme de Portugal, Fernando Santos orientou 32 jogos, ganhando apenas dez e somando seis empates e 16 derrotas.