Armando Evangelista concedeu uma entrevista ao Canal GOAT, do Brasil, onde abordou a sua passagem pelo Goiás, recordou os tempos em que liderou a equipa do Arouca e fez um balanço das primeiras semanas como técnico do Damac, emblema da Arábia Saudita.
Passagem pelo Goiás
“Não estou arrependido de ter aceitado o convite do Goiás. Foi um prazer imenso. Foi um clube que me desafiou, que me fez crescer enquanto treinador. Não só o Goiás, mas o Brasileirão em si”.
Dificuldades por estar num clube com menor poderio financeiro
“Quando aceitamos um desafio como este, temos de estar cientes das dificuldades. E o meu percurso enquanto treinador tem sido um bocadinho esse, porque puxando o filme atrás posso recordar, por exemplo, os anos que estive em Arouca. Quando existe uma ideia, quando existe um compromisso de toda a gente dentro de um clube, é possível fazer muito com pouco. O Arouca não era um clube grande, nem era um clube com grande investimento em Portugal, e conseguimos chegar a uma competição europeia.”
Alinhamento com o projeto
“Por vezes, o mais importante dentro de um projeto, dentro de um clube, não é só o dinheiro. O dinheiro é fundamental, porque se consegue ter acesso a vários recursos, a bons jogadores, mas quando somos organizados, quando conseguimos mover e alinhar tudo dentro de um clube em prol de uma ideia, acredito que é possível. E a minha forma de treinar, a minha forma de estar na vida, é essa”.
“Quando chego a um clube, aquilo que me dá prazer é conseguir conectar todo o clube, todas as pessoas que estão à volta do clube acreditem numa ideia, que acreditem que é possível. E quando se acredita nisso, eu acho que estamos mais próximos de ter sucesso, porque, sendo treinador, sozinho não consigo nada. Procuro sempre envolver toda esta gente dentro do projeto, dentro da ideia, dentro da ambição de poder querer sempre mais.”
Contactou com algum treinador português que já esteva na Arábia Saudita para saber como era a adaptação ou simplesmente aceitou o desafio?
“Na verdade, eu tinha traçado este objetivo de trabalhar na Arábia Saudita já há algum tempo. E recusei algumas propostas para poder estar cá. Salvo erro, neste momento, são seis os treinadores portugueses que estão na Arábia Saudita: Eu, Jorge Jesus, Pedro Emanuel, Mário Silva, Zé Gomes e Paulo Sérgio. É óbvio que já outros treinadores portugueses passaram por cá. E fui falando com vários treinadores, com vários jogadores que passaram por cá para compreender o contexto, para saber aquilo que poderia esperar desta liga. E na verdade, depois de algumas conversas que tive, ainda aguçou mais o meu apetite e a minha vontade de vir trabalhar na Arábia Saudita e nesta liga porque, parece-me tratar-se de uma liga das ligas, mais inteligentes a nível global.”
“É uma liga que tem crescido muito, tem atraído muitos jogadores, jogadores de grande nível, tem atraído bons treinadores. Eu acho que, por si só, isso mostra o porquê de ter recusado alguns convites e estar neste momento na Arábia Saudita.”
Primeiros desafios no Damac
“Já sabia do grau de dificuldade que ia encontrar, um grau de dificuldade elevado até porque o Damac está a construir quase de raiz um plantel novo. Da época passada só transitaram aproximadamente meia dúzia de jogadores. Ou seja, só por si, fazer chegar ao clube à volta de 18 jogadores já é uma tarefa árdua. Sabemos, e é público, que em termos de recursos financeiros o Damac não tem a força de outros clubes aqui na Arábia Saudita, o que nos obriga a ser muito criteriosos em relação às escolhas e à análise que fazemos. Esse tem sido o principal desafio. Mas tem outras coisas, a forma como fui recebido, o carinho que toda a estrutura dispensou a mim e a toda a minha equipa técnica, a vontade que têm de que não nos falte nada… Estes são pontos positivos e que nos dão força para enfrentar os desafios e as dificuldades que vamos ter pela frente.”
“De qualquer forma, eu sabia que ia ser assim, sabia que ia ser difícil, mas era um desafio que queria abraçar e é um desafio que vou querer vencer”, termina.