Os critérios de elegibilidade no desporto feminino internacional vão ser uma das prioridades do Comité Olímpico Internacional (COI), assumiu hoje a nova presidente, Kirsty Coventry.
“Existe um apoio esmagador à proteção das categorias femininas e, por isso, vamos rever os critérios de elegibilidade”, disse a responsável, após liderar, pela primeira vez, a reunião do Comité Executivo do COI.
Nos últimos anos, o desporto feminino tem sido abalado por polémicas relacionadas com a participação de pessoas transgénero ou com diferenças no desenvolvimento sexual.
Assumindo que tem uma palavra fundamental na questão, o COI decidiu criar um grupo de especialistas, que vai incluir a participação das diversas federações internacionais.
“Compreendemos que haverá diferenças consoante cada modalidade, mas há um consenso total de que devem ser feitos esforços para proteger a categoria feminina, e que isso deve ser alcançado através de decisões consensuais”, vincou a nadadora zimbabueana, duas vezes campeã olímpica.
Nos Jogos Olímpicos Paris2024, tornaram-se acessas discussões internacionais, envolvendo até chefes de Estado, as medalhas de ouro das pugilistas argelina Imane Khelif e taiwanesa Lin Yu-ting, que tinham sido desclassificadas do Mundial de 2023 pela federação internacional (IBA), após alegadamente não terem cumprido os critérios de elegibilidade de género.
A escolha das sedes das futuras edições dos Jogos Olímpicos também vai sofrer alterações, sendo que o futuro modelo será adotado somente para os Jogos de Verão de 2036, uma vez que já foram atribuídas as edições de 2028, à norte-americana Los Angeles, e 2032, à australiana Brisbane.
“Os membros querem estar mais envolvidos no processo”, sustentou Coventry, a primeira mulher a dirigir o COI, garantindo que há “um apoio esmagador” por parte dos membros para “parar e refletir” o atual sistema que, desde esta década, já não inclui uma competição aberta entre cidades.
Do mesmo modo, estão definidas as sedes dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2030, nos Alpes Franceses, sendo que os de 2026 vão decorrer em Milão-Cortina, em Itália.
Na próxima semana vai ser criado um grupo de trabalho que terá por missão definir o “como e quando” decidir as futuras sedes.
Com o anterior presidente do COI, Thomas Bach, substituiu-se a tradicional apresentação de candidaturas — que eram votadas numa sessão final pelos membros do COI — por um diálogo mais confidencial entre possíveis interessadas.
O objetivo do dirigente alemão era o de evitar os elevados custos associados à apresentação de candidaturas, que nos últimos anos tinham levado à redução significativa do número de concorrentes.
Da reunião de dois dias do Comité Executivo saiu igualmente nova reformulação do pódio dos 1.500 metros femininos dos Jogos Olímpicos Londres2012, a terceira versão, uma vez que cinco das 13 finalistas já foram desclassificadas, por doping.
As turcas Asli Cakir Alptekin e Gamze Bulut, inicialmente primeira e segunda, foram desclassificadas em 2015 e 2017, respetivamente, com o ouro a ficar assim para atleta do Bahrein Maryam Yusuf Jamal, que tinha sido terceira.
A russa Tatyana Tomashova, quarta, ficou com a prata, mas agora foi apanhada também nas malhas do doping, enquanto o bronze foi para a etíope Abeba Aregawi, quinta, e que agora foi promovida a prata, à frente da norte-americana Shannon Rowbury, sexta, e que atualmente fecha o pódio.
Entretanto, 11 desportistas — oito homens e três mulheres, de cinco modalidades diferentes e 11 nacionalidades — vão candidatar-se às eleições para ocupar os dois lugares disponíveis na Comissão de Atletas do Comité Olímpico Internacional (COI) durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina 2026, incluindo o timorense o timorense Yohan Goncalves Goutt, do ski alpino.