O selecionador português de judo Pedro Soares considera que, na atual fase, é importante baixar as expectativas em relação a Jorge Fonseca (-100 kg), retirando alguma pressão ao medalhado olímpico de Tóquio2020.
“Gostei muito de o ver a treinar na Hungria [no estágio], vamos ver o que é que ele poderá fazer, mas eu penso que nesta fase da carreira dele nós teremos que baixar muitas expectativas. Baixando as expectativas, baixamos a pressão sobre o atleta, retiramos essa responsabilidade que ele tinha há anos”, comentou Pedro Soares, em declarações à agência Lusa.
Jorge Fonseca, que foi também campeão mundial em 2019 (Tóquio) e 2021 (Budapeste) e europeu em 2020 (Praga), teve, nesse período, a melhor fase da carreira, num nível de exigência que não deve ser o mesmo.
“Era, sempre, praticamente favorito a ganhar uma medalha em todas as provas que entrava, tinha condições para ser favorito. Às vezes corria bem, às vezes não corria bem. Nesta fase, não podemos exigir ou considerá-lo sempre candidato a uma medalha, está numa fase da carreira diferente daquela que estava há três ou quatro anos, portanto temos que compreender isso”, reiterou o treinador.
Para Pedro Soares, ultrapassados que estão algumas ‘questões’ musculares, que já tinha no Grand Slam de Paris deste ano, onde foi quinto, um bom resultado será sempre poder estar na luta, um cenário válido para Fonseca, mas também para João Fernando.
“São dois atletas que são olímpicos, sendo que um tem um currículo dos melhores do mundo, nós esperamos que a prestação seja tão positiva, que eles possam entrar na disputa das medalhas e creio que isto seria considerar a prestação do Fernando e do Fonseca positiva. Basicamente, é assim que eu vejo e sem prometer medalhas”, adiantou o selecionador.
Já em relação a Miguel Gago (-66 kg) e Otari Kvantidze (-73 kg), que em Podgorica terão apenas o segundo Europeu das carreiras, Pedro Soares ‘avisa’ que o desempenho na competição depende em boa parte da sorte.
“Esperamos deles que possam e consigam vencer o maior número de combates possível. Se o sorteio não for simpático, esperamos que dentro dessas ‘bestas sagradas’ que existem na categoria de peso, eles consigam disputar o combate até o fim, e trazer de lá esse registo de um bom combate realizado”, referiu.
O treinador lembrou a prestação de Kvantidze em Zagreb2024, quando o judoca do Sporting chegou ao terceiro combate e aí, diante do maior nome da categoria de -73 kg, o campeão olímpico, mundial e europeu, Hidayat Heydarov, foi ao ‘golden score’.
“Foi um grande combate e é isso que eu espero. Esse é um bom exemplo e, portanto, é isso que espero, no mínimo, deles. Que disputem os combates que realizem, independentemente do adversário”, disse ainda o selecionador.
A finalizar, Pedro Soares lembrou que os Europeus são campeonatos sem grandes assimetrias, de elevada qualidade, num continente que é muito homogéneo no judo, sem as diferenças que existem na zona americana ou asiática, e isso pode fazer a diferença.
“É, provavelmente, o continente mais forte que existe. E, portanto, não vai ser fácil ter um bom sorteio ali. Porque não há bons sorteios num campeonato da Europa mas se, efetivamente, eles calharem com atletas menos cotados e não tiverem um bom desempenho aí teremos que considerar que a prestação não é positiva, mas acho que isso não vai acontecer”, concluiu.
Portugal compete entre quarta-feira e sábado nos Europeus de Podgorica com uma seleção de nove judocas, Catarina Costa (-48 kg), Raquel Brito (-52 kg), Taís Pina (-70 kg), Bárbara Timo (-70 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg) em femininos, e Miguel Gago (-66 kg), Otari Kvantidze (-73 kg), João Fernando (-81 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg) em masculinos.