Lando Norris chegou à Bélgica com a possibilidade de encurtar distâncias para Oscar Piastri e mesmo ultrapassar o australiano na liderança do Mundial de Pilotos na Fórmula 1, mas britânico saiu de Spa-Francorchamps mais longe do seu companheiro de equipa.
O australiano mostrou que o título de campeão do Mundo será discutido nos pormenores, num ano em que a McLaren domina em pista, tal é a distância para a concorrência.
Os dois pilotos da equipa inglesa dividiram o protagonismo nas qualificações, conquistando cada um a ‘pole’ para as duas corridas, mas não venceram: Piastri fez o melhor tempo para a Sprint, mas foi batido por Verstappen, tendo terminado em segundo. Norris saiu da primeira linha da grelha na corrida principal, mas foi ultrapassado pelo seu colega de equipa nas primeiras voltas para acabar em segundo.
Piastri deu uma resposta a altura, interrompendo duas vitórias seguidas de Lando Norris.
Piastri: um gelo ao volante
Na mítica pista de Spa-Francorchamps, Oscar Piastri mostrou o porquê de liderar o campeonato e o porquê de ser o mais sério candidato a ser campeão. Bateu o seu colega de equipa na primeira oportunidade após algumas voltas atrás do safety-car na largada para fazer uma corrida irrepreensível, tanto em piso molhado como em piso seco.
$$caption$$
A forma como Piastri ultrapassou Norris em piso molhando, atacando Eau Rouge na primeira volta de forma mais destemida para depois ter mais velocidade de ponta antes de passar pelo seu colega de equipa, mostra um piloto pronto para ser campeão.
Na corrida Sprint, o australiano tinha perdido a liderança logo na primeira volta (piso seco) para Verstappen. O tetracampeão do Mundo aproveitou o cone de aspiração na subida até Les Combes para ultrapassar o McLaren, segurando depois a posição por 15 voltas, com Norris, em terceiro, sempre perto de Piastri.
Na corrida principal, Oscar deu o troco, mas ao colega de equipa.
A visão dos pilotos da McLaren
“Saí bem da Curva 1 e tentei ser o mais corajoso possível em Eau Rouge. Consegui manter-me muito perto e o cone de aspiração fez o resto. Quando vi as imagens ‘onboard’, não parecia tão assustador como foi dentro do carro. Mas sabia que tinha de me comprometer totalmente para resultar”, analisou a manobra, no final da corrida.
Norris admitiu, após a corrida, que se tivesse mudado de pneus de chuva para ‘slicks’ mais cedo, como fez Lewis Hamilton, talvez tivesse conseguido ultrapassar Piastri
“Se pudéssemos fazer tudo outra vez, provavelmente ficaríamos chateados por termos ficado de fora [na 11.ª volta). Havia sinais suficientes de que deveríamos ter parado antes. Mas ninguém parou tão cedo, exceto Lewis, que entrou uma volta antes de nós. Foi particularmente amargo para mim porque Oscar conseguiu a volta certa e eu estava uma volta atrasado. As coisas são assim mesmo”, admitiu.
Se Piastri fez uma corrida sem erros, arriscando o suficiente quanto tinha de o fazer, o mesmo não se pode dizer de Norris. Foi cauteloso na subida para Eau Rouge, ao contrário de Piastri, e depois, quando mudou para pneus duros, cometeu três erros quando vinha em perseguição a Oscar e a ganhar tempo ao australiano.
Saiu largo na curva rápida de Pouhon (volta 26), perdendo 1,3 segundos. Depois bloqueou os travões em La Source nas voltas 33 e 43, perdendo quase três segundos no total. Acabou a corrida a 3,4 segundos de Piastri. Sem erros, talvez desse para ter DRS na última volta e tentar ultrapassar Piastri.
Paragens nas boxes fez diferença
A diferença entre ambos também se fez nas boxes. A equipa optou por parar primeiro Piastri na volta 11, para passar de pneus de chuva para pneus médios, Lando parou na volta seguinte para ‘calçar’ duros e ir até ao fim: antes da paragem, a diferença entre ambos era de menos de três segundos. Quando o britânico fez a sua paragem, uma volta depois da do australiano, a diferença disparou para nove segundos. Piastri tinha ganho a batalha nas ‘boxes’.
$$caption-2$$
Assim, Piastri sai da Bélgica na liderança do Mundial de Pilotos, com 266 pontos, mais 16 que Lando Norris (250). Max Verstappen está longe, com 185, quando faltam 11 corridas para o final. Foi a sexta vitória de Piastri em 13 corridas.
No Mundial de Construtores só um desastre tirará o título a McLaren: a equipa britânica lidera com 516 pontos, a seguir vem a Ferrari com 248, a Mercedes é terceira com 220.
“Temos dois pilotos que, mesmo eu tendo trabalhado com vários campeões do mundo [n.d.r. Michael Schumacher e Fernando Alonso], considero ao nível necessário para lutar legitimamente pelo título de pilotos. A diferença será feita pela precisão, qualidade e execução. Nós, como equipa, vamos fazer tudo para garantir fiabilidade e boa operação. Depois, que sejam os pilotos a decidir o desfecho do campeonato”, disse Andrea Stella, chefe de equipe da McLaren.
A próxima corrida é na Áustria, antes da pausa de verão. Lando precisa de responder, ou começa a ficar difícil acreditar que tem o que é preciso para bater o seu colega de equipa.