Hermínio Loureiro e a despromoção do Lyon: “Há que cumprir as regras, independentemente da grandeza do clube”

Hermínio Loureiro, antigo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), considerou hoje que as regras financeiras de licenciamento dos clubes têm de ser cumpridas sem olhar ao peso dos clubes, como aconteceu com os franceses do Lyon.

O Lyon, treinado pelo português Paulo Fonseca, foi despromovido à II Liga francesa por não ter cumprido os pressupostos financeiros de inscrição no primeiro escalão, com Hermínio Loureiro a lembrar que “as regras financeiras e as regras da transparência são cada vez mais importantes no contexto da procura da verdade desportiva”.

“É fundamental que se cumpram as regras, o manual do licenciamento dos clubes. Há também, como é do conhecimento, regras ao nível da UEFA, que têm a ver com a participação dos clubes nas competições da UEFA. Mas aqui, cada liga, cada organização, tem as suas regras, tem as suas normas, tem os seus regulamentos e, portanto, independentemente da grandeza do clube, há que perceber quem cumpre e quem não cumpre”, referiu, à agência Lusa.

Hermínio Loureiro lembrou que já houve casos em Portugal de clubes, que, “por incumprimentos, não puderam depois participar na competição para a qual estavam devidamente habilitados do ponto de vista desportivo”.

“Para isso é que há comissões de auditoria. Por exemplo, na Liga Portuguesa de Futebol Profissional há uma comissão de auditoria que propõe à direção da liga quem são os clubes que têm ou não têm condições para participar nas competições, de acordo com os regulamentos. Portanto, é como digo, há que cumprir as regras, independentemente da grandeza, da história do clube”, assumiu.

O Lyon é detido pelo norte-americano John Textor, que também tem uma participação maioritária nos brasileiros do Botafogo, igualmente treinados por um português, Renato Paiva, com Hermínio Loureiro a dizer que, na questão da multipropriedade de clubes, as regras “têm que ser o mais claras possíveis”.

“É preciso saber a proveniência desses investidores, de onde é que vem o dinheiro, porque também, como digo, a regra da transparência aí é fundamental. E tem que ser, claramente, uma regra cada vez mais a ser adotada. Se calhar, vale a pena também a uniformização dos regulamentos e a UEFA tem um papel importante, a UEFA e a FIFA, na regulação”, considerou.

Em Portugal, já foi criada legislação sobre os investidores em sociedades desportivas, com o antigo secretário de Estado do Desporto a dizer que tem havido a preocupação de “perceber quem são os investidores, de onde é que vem o dinheiro”.

“As regras hoje são completamente diferentes e há um nível de exigência também completamente diferente. Mas isso é bom que aconteça, porque é preciso perceber a proveniência e, neste caso, a licitude dos investidores e do dinheiro que é aplicado”, disse.

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