I Liga (balanço): Ruben Amorim perfeito iguala ‘tri’ de Szabo e Galloway

O treinador Ruben Amorim deixou o Sporting após 11 jornadas, mas é, inquestionavelmente, o grande responsável pelo título conquistado pelos ‘leões’, um terceiro cetro pessoal de campeão nacional de futebol para igualar Joseph Szabo e Randolph Galloway.

Apesar de não ter chegado a cumprir um terço da prova (32,4%), Amorim contribuiu com 40,2% dos pontos, depois de um percurso perfeito, com 11 triunfos, nenhum dos quais pela margem mínima, e um impressionante 39-5 em golos.

Na história dos ‘leões’, Amorim entrou, assim, pela ‘porta grande’ na galeria dos tricampeões, juntando-se ao inglês Randolph Galloway, campeão consecutivamente em 1950/51, 1951/52 e 1952/53, e ao húngaro Joseph Szabo, que chegou ao terceiro cetro em 1953/54, depois das vitórias de 1940/41 e 1943/44.

O agora treinador do Manchester United, de 40 anos, entra também para o terceiro lugar do ranking de técnicos campeões, com três títulos, ficando apenas atrás do brasileiro Otto Glória, que ganhou quatro pelo Benfica (1954/55, 1956/57, 1967/68 e 1968/69) e dois pelo Sporting (1961/62 e 1965/66), e de Szabo, que, antes do ‘tri’ pelo ‘leões’, venceu pelo FC Porto (1934/35).

Amorim coloca-se ao lado de outros 12 técnicos, quatro com entrada no Século XXI, casos de Jesualdo Ferreira (FC Porto, de 2006/07 a 2008/09), Jorge Jesus (Benfica, em 2009/10, 2013/14 e 2014/15), Rui Vitória (Benfica, em 2015/16, 2016/17 e 2018/19) e Sérgio Conceição (FC Porto, em 2017/18, 2019/20 e 2021/22).

A lista inclui ainda, além de Galloway, mais uma série de notáveis, como os húngaros Lipo Herczka, Janos Biri e Béla Guttman, o chileno Fernando Riera, o inglês Jimmy Hagan, Artur Jorge e o sueco Sven-Goran Eriksson.

O ex-futebolista do Benfica faz agora parte desta elite, depois de cinco épocas no Sporting, sendo que chegou sobre o final da primeira (2019/20) e não completou a quinta (2024/25).

No adeus, Amorim só ‘durou’ 11 jornadas, mas, mais do que nunca, deixou a sua marca, talvez no mais impactante ‘leão’ no pós ‘cinco violinos’, desde que, sobre o final da década de 40 do século passado, Peyroteo, Vasques, Travassos, Jesus Correia e Albano ‘arrasaram’ nos relvados lusos.

O Sporting, em busca de revalidar o título, feito que não conseguia desde 1953/54, quando chegou ao ‘tetra’, pela mão de Szabo, entrou em ‘grande’, mostrando-se imparável e muito acima de toda a concorrência.

O registo após 11 jornadas diz quase tudo, com 39 golos marcados e apenas cinco sofridos, num conjunto imparável ofensivamente, com um ataque liderado pelo ‘todo poderoso’ sueco Viktor Gyökeres, e igualmente competente na defesa, capaz, por exemplo de fazer sete ‘clean sheets’ seguidas (terceira à nona rondas).

Com os 11 triunfos a abrir a prova, os ‘leões’ igualaram o seu recorde histórico, que tinha sido estabelecido em 1990/91, sob o comando do treinador brasileiro Marinho Peres, ainda que com um mais modesto registo goleador (28-4).

E o Sporting conseguiu-o, apoiado num ‘3-4-3’ que para Amorim foi sempre inegociável, depois de um estranho começo de época, com uma derrota por 4-3 com o FC Porto, na Supertaça, num jogo que liderava por 3-0 após 25 minutos.

Percebeu-se, porém, que se tinha tratado apenas de um ‘acidente’, com o Sporting a entrar no campeonato com um 3-1 na receção ao Rio Ave, ao que se seguiram goleadas fora a Nacional (6-1) e Farense (2-0), antes de convincente 2-0 ao FC Porto, que valeu a liderança isolada à quarta ronda.

Em ritmo de cruzeiro, o Sporting bateu por 3-0 o Arouca (fora), o AVS (casa) e o Estoril Praia (fora), neste último caso sem golos de Gyökeres, após 10 nos primeiros seis jogos, superando depois por 2-0 o Casa Pia (casa) e por 3-0 o Famalicão (fora).

Depois, entrou em cena o United, e o seu adeus a Alvalade passou a ser uma ameaça, até se concretizar mesmo, mas os resultados continuaram a fluir: 5-1 ao Estrela da Amadora (casa), com póquer de Gyökeres, e, depois de um 4-1 ao Manchester City para a ‘Champions’, um apoteótico 4-2 em Braga, após 0-2.

Amorim deixou a máquina a funcionar em pleno, mas a sua partida foi também o fim de um grande Sporting, que, até final, se aguentou, para dar um justo prémio ao agora ex-treinador, mas que nunca mais foi o mesmo, para muito, mesmo muito, pior.

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