A Fundação para a Justiça dos Jogadores (JfP), sediada nos Países Baixos, vai avançar com uma ação judicial contra a FIFA, em nome de cem mil futebolistas do Reino Unido e da União Europeia. Em causa estão as regras que regulam o sistema de transferências internacionais, que os jogadores consideram violar princípios fundamentais como a livre circulação de trabalhadores e a concorrência leal, previstos na legislação europeia.
A ação coletiva tem como ponto de partida o caso de Lassana Diarra, que, após ter rescindido unilateralmente com o Lokomotiv de Moscovo, assinou pelo Charleroi. A FIFA tentou bloquear a transferência, mas o Tribunal de Justiça da União Europeia deu razão ao jogador francês, considerando que as normas da entidade máxima do futebol mundial eram incompatíveis com o direito comunitário. A vitória de Diarra abriu a porta a este processo de grande escala, que poderá ter impacto direto na forma como o mercado de transferências é regulado desde 2002.
A denúncia será formalizada nos tribunais neerlandeses e representa um número impressionante de atletas que se dizem prejudicados pelas atuais regras. A iniciativa foi acolhida com entusiasmo pela FIFPRO, o sindicato mundial dos jogadores profissionais, que prometeu prestar apoio jurídico e técnico para garantir que os atletas recebem uma compensação justa pelos danos causados ao longo das últimas duas décadas.
Se a ação for bem-sucedida, poderá obrigar a FIFA a rever profundamente o sistema de transferências, nomeadamente no que diz respeito às indemnizações exigidas a jogadores e clubes em casos de rescisão sem justa causa, e à liberdade de movimento entre ligas e países.
A FIFA ainda não reagiu oficialmente à denúncia, mas o processo promete prolongar-se nos tribunais europeus e poderá ter consequências estruturais para o futebol mundial.