O empresário João Noronha Lopes afirmou hoje que a hora da mudança no Benfica “está a chegar” e passa pela sua candidatura à presidência, apelando ao atual líder Rui Costa que antecipe as eleições do clube.
Num pavilhão sobrelotado, com cerca de 2.000 benfiquistas e várias centenas de fora, por razões de segurança, João Noronha Lopes explicou os motivos que levam a esta recandidatura, depois das eleições perdidas em 2020 para Luís Filipe Vieira.
“Neste mandato de Rui Costa, ganhámos menos do que os rivais, gastando mais e pior. Perdemos troféus, identidade e referências. Não podemos estar tranquilos quando aumentam os riscos económico-financeiros, quando vivemos acima das nossas possibilidades e, perante os perigos daí resultantes, nós verificamos que a única estratégia da direção é tentar esconder a ausência de estratégia. Falhámos desportivamente, financeiramente e institucionalmente”, sublinhou o empresário.
João Noronha Lopes apontou que Rui Costa desperdiçou a oportunidade atribuída pelos benfiquistas, gerando-se uma “cultura de derrota” e uma gestão desportiva “errática e desastrosa”, e criticou o “atual regime instalado no futebol português”.
“Não podemos tolerar que, com o apoio inaceitável do Benfica, se tenha instalado um regime no futebol português em que o Benfica é o alvo a abater. Não podemos compreender que, em vez de centralizar no Benfica a liderança do futebol no país, a direção prefira uma centralização dos direitos televisivos potencialmente lesiva dos nossos interesses”, salientou o empresário, sócio 5.001 do clube ‘encarnado’.
João Noronha Lopes ressalvou que “as circunstâncias do Benfica de Rui Costa em 2025 não são as circunstâncias do Benfica de Luís Filipe Vieira em 2020”, embora “também este Benfica de Rui Costa não serve” para o que o candidato ambiciona, destacando uma necessidade das ‘águias’ assente em liderança e transparência.
“Precisamos de uma liderança independente, que defenda o clube com coragem e firmeza, que não tenha um projeto que muda de seis em seis meses, sóbria, que lidere pelo exemplo e inspire segurança, mais preocupada em defender o Benfica do que a si própria, que nunca esqueça que as vitórias no futebol são o motor do clube, que o dinheiro que gerimos é dos sócios, que a melhor formação do mundo foi feita para vencer e não para vender”, começou por afirmar João Noronha Lopes.
E prosseguiu: “Uma liderança que não esqueça que o ecletismo faz parte da nossa identidade e que não podemos ter equipas para competir, mas sim para vencer, experiente, que defina um rumo, corajosa, com voz ativa e respeitada no futebol português, sem receber lições de ninguém, firme, coesa, com experiência a lidar com potenciais parceiros e investidores, que não encare o escrutínio como uma ameaça e que não tenha receio de auditar o passado para se construir um futuro”.
João Noronha Lopes foi parte integrante da direção eleita em 2000, liderada pelo antigo presidente Manuel Vilarinho, presente na apresentação da candidatura, tal como os ex-futebolistas Nuno Gomes e Vítor Paneira, que apoiam a candidatura.
O empresário, de 58 anos, perdeu a corrida à presidência para Luís Filipe Vieira, em 2020, recebendo 34,71% dos votos, contra 62,59% do antigo líder benfiquista. Rui Gomes da Silva, também candidato, obteve somente 1,64% nesse escrutínio.