A receção do Brest ao Lille não teve vencedores nem vencidos, mas ofereceu seis golos aos adeptos de futebol e uma polémica que promete fazer correr muita tinta. É que, apesar de o jogo ter terminado empatado a três bolas, poderá haver um vencedor daqui a uns dias… ou meses.
No final do encontro, o capitão do Stade Brestois 29, Brendan Chardonnet, apresentou um protesto para contestar uma decisão de arbitragem que poderá ter violado as regras.
Aos 66 minutos de jogo, o árbitro internacional Clément Turpin validou o terceiro golo do Lille, num lance polémico. Após canto a favor do Lille, o avançado congolês Mukau colocou a bola no fundo das redes de Radoslaw Majecki. Mas, antes do remate do jogador certeiro do jogador dos ‘dogues’, o árbitro assistente tinha levantado a bandeirola, assinalando bola fora no arco feito após o canto, prontamente confirmada pelo juiz principal. Alguns jogadores do Brest acreditaram na decisão do árbitro e pararam, à espera que a jogada fosse invalidada.
Clément Turpin começou por aceitar a decisão do seu auxiliar e anular o golo mas, alertado pelo VAR, foi ao monitor rever a jogada e inverter a decisão, dando golo ao Lille. A bola não saiu totalmente, como tinha assinalado o árbitro auxiliar.
Os jogadores do Brest contestaram a decisão por entenderem que foram prejudicados, uma vez que muitos deles desistiram da jogada ou abrandaram os seus movimentos ao ver o árbitro auxiliar levantar a bandeirola e o árbitro principal anular a jogada.
‘Reserva técnica’ para invalidar o terceiro golo do Lille
Como Turpin não voltava atrás, Brendan Chardonnet, entregou ao árbitro principal uma ‘reserva técnica’, um procedimento previsto no regulamento da Liga francesa que permite a uma equipa contestar uma decisão arbitral se considerar que a lei foi aplicada de forma incorreta.
O documento, assinado pelo capitão do Brest e também pelo árbitro, será submetido à Liga Francesa de Futebol que irá estudar o caso e decidir se há fundamento suficiente para uma eventual correção posterior do resultado.
Este mecanismo de protesto legal está no artigo 559 do regulamento da LFP.
“No final do jogo, o árbitro regista a ‘reserva técnica’. A negligência técnica só será considerada pela comissão competente se esta considerar que afeta o resultado final”, pode-se ler no artigo 559 da LFP.
“Para dar seguimento à reserva, a mesma terá de ser transformada em reclamação e enviada, no prazo de 48 horas, por carta, à sede da Liga Profissional de Futebol. A Liga Profissional de Futebol remeterá o expediente, para decisão final, à Comissão Federal dos Árbitros da Federação Francesa de Futebol. Esta última entidade ordenará a homologação do resultado ou então decide que o jogo deve ser repetido”, explica o tal artigo.
As hipóteses de sucesso do Brest são muito poucas. Na história do futebol francês, foram raras as situações em que os resultados foram revertidos na secretaria: apenas em casos de utilizações irregulares de jogadores ou erros técnicos evidentes (por exemplo, permitir uma sexta substituição não autorizada).
No ano passado, houve uma situação idêntica em França: durante o Lyon-Auxerre, que terminou empatado a duas bolas, o árbitro Jeremy Stinat assinalou uma grande penalidade para o Lyon sobre o georgiano Mikautadze, por empurrão de Mensah após um cruzamento de Fofana, após aviso do VAR. Mas, antes de ser chamado pelo VAR para rever a jogada, o juiz principal tinha dado pontapé de baliza para o Auxerre, logo, não podia voltar atrás, de acordo com o protocolo do VAR. O regulamento impede o video-árbitro de interferir num lance anterior após a bola já ter sido recolocada em jogo.
O Auxerre apresentou um protesto, mas não teve sucesso.