Pedro Proença, atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, deu uma entrevista exclusiva ao Expresso e, entre outros temas, falou sobre o futebol feminino. O dirigente confirmou que pretende renovar com Francisco Neto e apontou ao próximo Europeu.
“Estamos muitíssimo satisfeitos com o trabalho que ele tem feito à frente da nossa seleção feminina, e, quando assim é, contamos com ele para que daqui a quatro anos possa estar no novo no Campeonato da Europa”, começou por dizer.
De seguida, Proença lembrou que o investimento feito pela FPF, este ano, na vertente feminina foi de 22 milhões de euros e garantiu que está a ser feito um trabalho de evolução.
Contudo, admite que não tem sido a implementação de medidas a nível generalizado. “Temos ainda muitas dificuldades em muitos dos distritos em ter equipas femininas, não conseguimos ainda ter campeonatos distritais, e temos que perceber que quando nós olhamos para o cume desta montanha, a pirâmide tem que estar construída nas suas bases.”
Ainda assim relembra que Portugal começou mais tarde do que outros países nesse processo e investimento. Porém, quando questionado sobre medidas concretas, Pedro Proença voltou a referir que vão ser dados apoios económicos e melhorias nas infraestruturas, à semelhança do que tem sido dito nos últimos anos.
O dirigente referiu apenas que vai ser colocado em prática o ‘Superquinas’. “É um programa que nós estamos a execução na federação para que as associações distritais possam ter melhores e maiores números relativamente às praticantes.”
Quando confrontado com os exemplos de clubes como o Vilaverdense, Estoril Praia e o Damaiense, que tiveram salários em atraso, Pedro Proença diz que são “dores de crescimento”.
“O aparecimento desses casos é um bocadinho as dores de crescimento e do desenvolvimento do futebol, também no feminino. A Federação hoje tem o modelo de licenciamento, se não mais duro, pelo menos igual àquilo que existe nas competições profissionais, e por isso mesmo é que essa triagem acaba por acontecer. É uma preocupação nossa, temos que ter equipas que têm contratos de trabalho que são cumpridos. Isto faz parte deste movimento de crescimento do futebol feminino e que acontecerá naturalmente.”
Por fim, Pedro Proença desvalorizou o facto de existirem muito poucas mulheres como treinadoras principais na Liga BPI, afirmando que é ‘pouco politicamente correto’ nesses casos.
“Acho que o mérito não tem género e é a competência que vai fazer com que homens e mulheres possam estar no topo desta pirâmide”, disse ao Expresso, mostrando-se despreocupado quanto à presença de mais mulheres nos níveis III e IV do curso de treinadoras.