Portugal-Espanha: Deixem passar os reis da Península Ibérica

O inédito duelo ibérico numa final sorriu a… Portugal. A seleção nacional de futebol venceu pela segunda vez a Liga das Nações, ao derrotar a Espanha na final por 5-3 nas grandes penalidades, depois de um 2-2 em 120 minutos de futebol.

Depois da conquista de 2019, Portugal passa a ser o país com mais Liga das Nações, sucedendo a Espanha, seleção que não perdia há dois anos.

No Allianz Arena, em Munique, valeu a eficácia lusa e ainda Diogo Costa para Portugal conquistar o seu terceiro título da história. Cristiano Ronaldo conseguiu finalmente marcar numa final, depois de três jogos em branco.

O espanhol Roberto Martinez consegue um ‘balão de oxigénio’ à frente da Seleção, embora em Espanha possa ser visto com outros olhos: repetiu os feitos de Pizzi e San Paoli, argentinos que venceram títulos em finais contra a seleção da Argentina, ambos com o Chile, na Copa América.

FOTOS: as melhores imagens de Portugal vs Espanha

Muita eficácia e algum sofrimento

O título começou nas arrancadas de Nuno Mendes e terminou no sentido de oportunidade de Cristiano Ronaldo. Começou nas luvas e na elasticidade de Diogo Costa e terminou no pontapé certeiro de Ruben Neves. Começou na crença de um povo que acredita sempre, mesmo perante as adversidades, mas ia terminando antes do tempo, na teimosia do selecionador Roberto Martinez.

Lá porque vencemos a Liga das Nações, não quer dizer que tudo tenha sido perfeito.

E não foi porque Portugal deu 45 minutos à Espanha, fruto da insistência de João Neves a lateral direito. Portugal pagou caro a teimosia, o espanhol foi ainda a tempo de corrigir ao intervalo.

Ter um dos melhores médios da Europa a roubar bolas a jogar na direita da defesa, com os laterais Diogo Dalot e Nelson Semedo no banco, não fez sentido diante da Alemanha, apesar do triunfo. Não fez diante da Espanha, apesar da vitória, e não fará no futuro, se o resultado continuar a ser o mesmo. Perante uma Espanha com tantos criativos no meio, não ter um jogador como João Neves… é um tiro no pé.

Nico Williams tirou partido da falta de rotinas do jogador do PSG nessa posição e da também falta de ajuda de Francisco Conceição e dos médios com pouca propensão defensiva para carregar em cima de João Neves e criar os principais lances de perigo da Espanha por esse lado.

Por azar, foi João Neves a estar ligado ao 1-0 da Espanha, aos 21 minutos, ao tirar a bola da zona de Diogo Costa para afasta-la (mal) para uma zona onde Zubimendi só teve de encostar, após centro de Lamine Yamal. O segundo golo espanhol é uma bela transição, conduzida por Pedri, a aproveitar um buraco no meio-campo luso. Oyarzabal fez o resto, mesmo antes do intervalo, confirmando o ascendente espanhol no jogo.

Quando Portugal tinha bola e paciência, conseguia desmontar a defensiva espanhol. Faltava o derradeiro passe, definir melhor no último momento.

A Espanha tinha mais bola, rematava mais, criava mais perigo. No fundo, comandava as operações. Portugal tinha de aproveitar tudo. E aproveitou a fantástica forma do melhor jogador do torneio – Nuno Mendes – para empatar, logo a seguir ao 1-1, aos 26 minutos, quebrando o ascendente anímico de ‘Nuestros Hermanos’ e resgatando Portugal quando podia cair.

E quando foi preciso novamente um homem para desbloquear o jogo, foi Nuno Mendes lá a frente enganar Yamal e Mingueza antes de assistir Ronaldo para o 2-2. O prolongamento pouco ou nada produziu, entre duas equipas com mais medo de perder do que a vontade em ganhar.

A eficácia lusa traduziu-se nos dois golos feitos nos únicos remates enquadrados com a baliza em 120 minutos (Unai Simon não fez qualquer defesa) e na elasticidade de Diogo Costa a negar golos a Isco e Fabian Ruiz em dois pontapés fantásticos, antes de travar o remate de Morata no desempate por grandes penalidades.

Os penáltis que tinham tramado Portugal há um ano nas meias-finais do Euro2024 diante da França [derrota 4-5], sorriram agora à Seleção Nacional, com eficácia tremenda: cinco remates, cinco golos. Na Espanha só Morata falhou.

A festa de Portugal após vencer a Liga das Nações 2025

Momento do jogo: Nuno Mendes nem os deixou saborear

Cinco minutos depois de a Espanha estar na frente, Nuno Mendes desceu no seu corredor, combinou com Pedro Neto, entrou na área e disparou uma ‘bomba’ rasteira, que Unai Simon não conseguiu travar. Portugal quebrava o ascendente anímico de Espanha e marcava no primeiro remate enquadrado.

Os Melhores: Nuno MVP Mendes

No final do jogo, não havia dúvidas: o prémio de Melhor Jogador da fase final teria de ser de Nuno Mendes. E foi. Além do golo e assistência na final, o lateral esquerdo português já tinha brilhado na meia-final diante da Alemanha, com uma grande assistência para o 2-1 final, de Cristiano Ronaldo. No domingo, a defender, meteu Lamine Yamal no ‘bolso’ e ainda tirou tempo para subir no terreno e desequilibrar. É, sem dúvida, o melhor lateral esquerdo da atualidade a nível mundial.

Uma menção para Cristiano Ronaldo que, aos 40 anos, tornou-se no jogador mais velho de sempre a marcar numa final de um torneio internacional de seleções, e para o facto de ter feito o seu primeiro golo numa final por Portugal, ao cabo de quatro finais disputadas. Destaque também para a boa entrada de Rafael Leão, que revolucionou o jogo de Portugal na esquerda e empurrou a seleção para a frente.

Em noite ‘não’: A culpa não é tua, João!

João Neves acabou por pagar caro a insistência de Roberto Martinez em coloca-lo como lateral direito. Nos 45 minutos que durou em campo, esteve diretamente ligado no 1-0 da Espanha, perdeu vários duelos com Nico Williams, mostrando que estava no lugar errado. Foi sacrificado ao intervalo.

Reações

Roberto Martínez: “Acho que merecemos ganhar a Liga das Nações”

Cristiano Ronaldo: “Pela seleção se tivesse de partir uma perna, partia”

Ronaldo: “O mister merecia, deram-lhe muita porrada”

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