Carlos Alcaraz conquistou, na noite de domingo, o seu sexto título do Grand Slam ao bater na final Jannik Sinner, que leva quatro. Os dois dividiram entre eles os troféus dos oito últimos torneios do Grand Slam e mediram forças nas finais dos últimos três.
É esta a nova era do ténis mundial no circuito masculino, dominada pelo espanhol e pelo italiano, depois das retiradas de Roger Federer e Rafael Nadal e com Novak Djokovic ainda em court, mas incapaz de contrariar a força e a juventude de Alcaraz e Sinner, apesar de mostrar ser ainda, na atualidade, o terceiro melhor tenista da atualidade.
‘Djoko’, recordista de conquistas em torneios do Grand Slam no que aos homens diz respeito (com 24), e apontado por muitos como o GOAT (melhor de todos os tempos), chegou às meias-finais dos quatro ‘majors’ em 2025 (perdeu na Austrália com Alxander Zverev, em Roland Garros e Wimbledon com Sinner e nos Estados Unidos com Alcaraz), mas não consegue fazer frente aos dois novos dominadores do mundo do ténis. E começa já a pensar-se no impensável: que estes podem fazer cair os seus recordes, face à hegemonia que vêm demonstrando.
Mais forte na rivalidade com Sinner
Sinner, com 24 anos, mas sobretudo Alcaraz, com 22, apresentam números que em alguns aspetos superam já os das lendas Djokovic, Federer e Nadal.
O espanhol tem levado a melhor na rivalidade com o italiano, como o demonstra o registo de embates entre ambos: 10 vitórias para Alcaraz, 5 para Sinner, sendo que Carlitos venceu 7 dos últimos 8 duelos (só perdeu a final de Wimbledon). Em termos do número total de títulos conquistados Alcaraz leva 23 (contra 20 de Sinner), e também supera o rival em termos de prize Money 53,486,628 milhões de dólares contra 48,779,987 ganhos por Sinner.
Sinner só leva a melhor se olharmos para o número de semanas como número 1 mundial: esteve à frente do ranking 65 semanas, enquanto Alcaraz (que agora retomou a liderança do ranking ATP) esteve na frente apenas 37.
Apesar da enorme consistência e talento de Sinner, é para Alcaraz que se olha quando se pensa na quebra de recordes fixados pelo denominado ‘Big 3’ (Federer, Nadal e Djokovic). E o triunfo de domingo em Flushing Meadows deu ainda mais argumentos a quem acha que o espanhol pode mesmo bater muitos desses marcos.
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Rumo a mais registos históricos…e ao recorde de Grand Slams?
Alcaraz somou, então, o seu sexto título do Grand Slam (conquistou 2 vezes Wimbledon, 2 vezes Roland Garros e 2 vezes o US Open). Tem apenas 22 anos e 125 dias. Rafael Nadal tinha mais 128 dias (22 anos e 253 dias de idade) quando chegou aos 6 Slams, Roger Federer já tinha feito 24 anos quando chegou aos seis ‘majors’ e Djokovic já tinha 25.
Mais rápido do que Alcaraz a chegar aos seis títulos do Grand Slam apenas Bjorn Borg, na década de 1970, que tinha 22 anos e 32 dias quando ergueu o troféu do seu sexto ‘slam’, em 1978, em Wimbledon. Bjorg, contudo, ficar-se-ia pelos 11 no total, tendo terminado a carreira com apenas 26 anos de idade.
E Alcaraz pode fazer ainda mais história já em janeiro, na Austrália, se conquistar aí o único título do Grand Slam que lhe falta. Se o fizer, conseguirá fechar o chamado ‘grand slam de carreira’ com apenas 22 anos. O mais novo dos cinco tenistas masculinos que o conseguiram na chamada ‘era open’ (Rod Laver, Andre Agassi, Rafael Nadal, Roger Federer e Novak Djokovic) a lograr tal feito foi Nadal, com pouco mais de 24 anos. Federer tinha 27 anos, Djokovic já tinha 29, tal como Agassi e Laver tinha 31. Quer isto dizer que mesmo que Alcaraz não o consiga em 2026 poderá quebrar ainda esse recorde em 2027.
O próprio Alcaraz confessou que o seu próximo grande objetivo passa mesmo por vencer na Austrália e fechar então o Grand Slam de carreira. “Sou sincero, é o meu primeiro objetivo. Quando olho para a pré-época para ver o que quero melhorar, o que quero alcançar, o Open da Austrália está lá. É o primeiro ou o segundo torneio do ano, e completar o Grand Slam da Carreira sempre esteve no topo dos meus objetivos, tal como um Grand Slam de calendário [ganhar os 4 títulos do Grand Slam na mesma época], disse após a final do US Open 2025.
Conseguir o feito do Grand Slam de calendário, algo que apenas Bob Laver e nenhum dos ‘Big 3’ conseguiu (embora Djokovic tenha detido os quatro títulos em simultâneo, em 2023), vincaria ainda mais a posição de Carlos Alcaraz na história do ténis.
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E no que toca ao recorde do número total de troféus do Grand Slam? Será que Alcaraz lá vai chegar? O facto de ter sido o mais rápido a chegar aos seis é um bom indicador, aliado ao facto de para já não se vislumbrar mais ninguém para além de Sinner a ser capaz de lhe fazer frente na luta por ‘majors’, enquanto Djokovic, Nadal e Federer eram três a dividir os troféus entre si.
Federer ficou-se pelos 20, Nadal chegou aos 22 e Djokovic está nos 24, desesperadamente em busca do 25.º (que Sinner e Alcaraz não têm permitido). Ninguém no mundo do ténis profissional – masculino ou feminino – ganhou mais do que 24 (número igualmente alcançado pela australiana Margaret Court, recordista entre as mulheres). Com seis Slams aos 22 anos, se Alcaraz ganhar uma média de dois por ano igualará os 24 de Djokovic aos 31 anos. Com essa idade, Federer tinha ganho 17, Nadal 14 e Djokovic apenas…12. Quer isto dizer que se tiver uma longevidade semelhante à destes três nomes históricos, poderá ir ainda mais além.
Outra lenda do ténis, Matts Villander, acredita que Alcaraz poderá mesmo chegar a esses números: “Acho que ele vai ganhar muito mais Grand Slams. A questão é: será que vai ganhar tanto como Roger Federer, Novak Djokovic e Rafael Nadal? Será que vai ganhar 20 Grand Slams? Há uma boa probabilidade de isso vir a acontecer”, garante o antigo tenista sueco, vencedor de 7 torneios do Grand Slam na década de 80).
Será, então, assim tão impensável pensar-se que Alcaráz acabará por bater o recorde de Djokovic? Talvez não. É bom lembrar que quando Pete Sampras, pouco depois do início do século XXI, pendurou as raquetes com 14 Grand Slams conquistados toda a gente dizia que era um número que jamais seria batido. E em menos de 20 anos esse número foi pulverizado por três homens.
Os recordes que já detém
Para já, enquanto não lá chega, são muitos os recordes que já detém, a título individual ou partilhados com outros tenitas. Listamos alguns.
– Mais jovem vencedor do torneio ATP 250
– Mais jovem de sempre a chegar aos quartos de final do US Open
– Mais jovem vencedor do torneio ATP 500
– Mais jovem de sempre a ser N.º 1 do ranking ATP: 19 anos e 130 dias
– Mais jovem de sempre a ganhar grand slams em 3 superfícis (relva, terra batida e hardcourts)
– Mais jovem a disputar a final do torneio olímpico de ténis
– Mais jovem tenista masculino a conquistar todos os grandes títulos americanos (US Open, Indian Wells, Miami Open, Cincinnati Open): 22 anos, 105 dias
– Mais jovem tenista masculino a atingir três finais de torneios do Grand Slam seguidas: 22 anos, 120 dias