Rodrigo Mora completa hoje, 05 de maio, 18 anos de idade. O FC Porto deverá oficializar brevemente a renovação de contrato com o prodígio até 2030, blindando-o com uma cláusula de rescisão de 80 milhões de euros.
O médio criativo, nascido a 05 de maio de 2007, é um dos melhores produtos alguma vez formado no Olival. Detém vários recordes e, apesar da precocidade com que foi atirado aos Leões, exibe uma personalidade e qualidade que fazem sonhar os portistas. Mas por cá não deve ficar muito tempo. O seu talento é de ‘Big-5’, pelo que a Gestifute de Jorge Mendes, empresa que passou a gerir a sua carreira, tratará de o colocar num dos principais clubes de Inglaterra, Espanha ou Itália.
Rodrigo Mora faz 18 anos: imagens da carreira do prodígio do FC Porto
Desde cedo que Rodrigo Mora carrega a aura de craque. Quando o técnico António Folha resolveu lança-lo, no posto de Nilton Varela, nos descontos FC Porto B vs Tondela, a 23 de janeiro de 2023, os olhos de quem estava nas bancadas levantaram-se para aquele adolescente de cabelo loiro, minúsculo entre gigantes. Tinha 15 anos, oito meses e 10 dias, números que fazem dele o futebolista mais jovem de sempre a jogar nas competições profissionais portuguesas.
Poucos meses depois, tornar-se-ia no mais jovem português a bisar na Youth League, quando marcou dois golos na vitória do FC Porto frente ao Shakhtar Donetsk, em setembro de 2023, aos 16 anos e quatro meses.
Em novembro do mesmo ano, marcou na derrota do FC Porto B frente ao Penafiel por 3-2, jogo da 10.ª jornada da II Liga de futebol e bateu mais um recorde: jogador mais novo de sempre a marcar na II Liga. Um registo que cairia em janeiro de 2024 quando o seu colega Anha Candé marcou ao Belenenses, aos de 16 anos e cinco meses, retirando um mês ao recorde de Mora.
“É sempre bom ter recordes, mas não me dá pressão. Gosto desses recordes, mas sinceramente são coisas a que não ligo muito. São coisas que, se acontecerem, acontecem, se não acontecerem, está tudo bem”, disse no início de abril, à revista ‘Dragões’.
É de Dragão ao peito que sonha ser campeão, mas, em criança, esteve perto de não ficar no Olival. O ‘Jornal Notícias’ publicou uma reportagem no último sábado sobre o jovem prodígio azul e branco, onde passou em revista a sua infância. Depois de brilhar no Custóias, emblema de Matosinhos, foi recrutado pelo FC Porto para continuar o crescimento no Dragon Force. Duraria um mês.
“Disse-nos que não queria ir mais. Jogava uns minutos e puxava os calções ao treinador a pedir para o meter. Estar ali sentado, à espera da vez, não lhe fazia muito sentido, porque jogava pelo prazer e não se estava a divertir”, contou a mãe, Vânia, ao ‘JN’. Regressaria à Constituição, um ano depois, após muita insistência do FC Porto.
Um recorde com 88 anos e números melhores que Deco no 1.º ano no Dragão
Rodrigo Mora ficou em branco nos dois últimos jogos do FC Porto (derrota 0-2 com Estrela da Amadora e vitória 3-1 diante do Moreirense), mas vinha a marcar golos importantes que valeram pontos aos Dragões. Na jornada 30 bisou no triunfo diante do Famalicão e chegou aos oito golos na I Liga 2024/25, antes mesmo de completar 18 anos.
Na história da I Divisão nacional, só por uma vez um atleta tinha marcado oito ou mais golos antes de completar 18 anos: aconteceu com o luso-angolano Guilherme Espírito Santo (1936/37) que fez 17 golos no campeonato, numa altura em que as goleadas dos ‘grandes’ por 10 ou mais golos eram frequentes.
Os dois golos ao Famalicão colocam-no como o terceiro mais jovem de sempre a bisar na I Liga no Século XXI, atrás de Roger Fernandes do Braga, em 2021 (16 anos, um mês) e de Cristiano Ronaldo (17 anos e oito meses) em 2002 pelo Sporting.
No FC Porto, fica atrás de Fernando Gomes (17 anos e nove meses, em 1974), Lopes Carneiro (17 anos e 10 meses em 1931), Serafim (17 anos, 11 meses e oito dias em 1961), os mais jovens a marcar dois golos num jogo pelo FC Porto, de acordo com o ‘Playmakerstats’.
Os oito golos que leva marcado na sua primeira época na formação principal azul e branca supera a marca de Deco, outro mágico que passou pela Invicta. Na verdadeira primeira época de Anderson Luís de Souza no FC Porto em 1999/2000, (chegou em janeiro de janeiro de 1999, ainda a tempo de fazer seis jogos, depois de 13 no Salgueiros) o homem que viria a ficar conhecido por Deco apontou sete golos em 38 jogos, mas fez 15 assistências.
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Deco esteve cinco temporadas e meia nos azuis e brancos, onde conquistou, entre outros, uma Liga dos Campeões e uma Taça UEFA. Nos 229 jogos disputados, marcou 48 golos e deu 94 a marcar aos colegas de equipa.
Mais golos que Cristiano Ronaldo, Futre ou Fernando Gomes antes dos 18 anos
Embora só tenha conseguido a titularidade a partir de janeiro com Anselmi, Mora apresenta uma influência difícil de ignorar nos azuis e brancos. É o segundo melhor marcador do FC Porto em 2025 com cinco golos, menos um que Samu. Neste momento, é ainda o terceiro melhor marcador da época do FC Porto, com oito golos, apenas atrás de Samu, que tem 24, e de Galeno, que saiu em janeiro, após 12 tentos com a camisola dos azuis e brancos. Números que mostram a influência do jovem prodígio na equipa de Martin Anselmi.
Ao olhar para os seus números na primeira época no FC Porto e comparando com outros prodígios que brilharam em Portugal desde tenra idade como Cristiano Ronaldo, Paulo Futre ou Fernando Gomes, Rodrigo Mora destaca-se deste trio.
O malogrado Bi-bota de Ouro estreou-se no FC Porto com um bis ao Fabril do Barreiro, na I Divisão, a 8 de setembro de 1974, dois meses antes de completar 18 anos, mas só voltaria a marcar já maior de idade.
Paulo Futre estreou-se na equipa principal do Sporting na época 1983/84 , aos 17 anos e 9 meses e, antes de fazer 18 anos, marcou a Portimonense, Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães.
Cristiano Ronaldo marcou pela primeira vez na I Liga, aos 17 anos, oito meses e dois dias, num bis ao Moreirense. Marcaria depois ao Boavista, o seu último golo na I Liga. Seria vendido pelo Sporting ao Manchester United. A diferença entre ambos em minutos jogados antes de completar os 18 anos também é avassalador: Rodrigo Mora (1042 minutos); Fernando Gomes (458 minutos), Paulo Futre (864 minutos), Cristiano Ronaldo (703 minutos).
Anselmi deixa-lhe elogios, Martinez abre-lhe as portas da Seleção A
A influência de Rodrigo Mora nesta penosa reta final de época do FC Porto tem merecido elogios de companheiros, técnicos e até do selecionador nacional. Martín Anselmi, técnico do FC Porto, questionado sobre esta matéria, optou por destacar o coletivo.
“Há um trabalho de trás que não é apenas do Rodrigo, é da equipa. Vivemos dos resultados, os golos são resultado, tem impacto. Para que o Rodrigo com o seu talento, a magia, resolva da maneira que resolve também há outros elementos que defendem, que correm, que pressionam. Podemos falar do rendimento, mas há uma questão mais ampla”, comentou o treinador, na antevisão do jogo com o Moreirense.
Roberto Martinez garante estar de olho no prodigioso médio ofensivo, pelo que será uma questão de tempo até Rodrigo Mora chegar à Seleção A de Portugal.
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“Quando um jogador chega à seleção, não é uma surpresa. Há jogadores jovens que estão a jogar muito bem e é o caso do Rodrigo Mora especialmente. Já acompanhámos o Rodrigo em dois estágios dos sub-21, mas no FC Porto está a mostrar as qualidades e isso é motivo de sorriso”, disse o selecionador de Portugal, declarações à margem do jantar que encerra as comemorações dos 110 anos da Federação Portuguesa de Futebol, em janeiro.
Para já, vai evoluindo nos sub-21, onde chegou em agosto de 2024, embora seja difícil que vá à fase final do Europeu da categoria, por estar a representar o FC Porto no Mundial de Clubes.
“A nível de seleção, o Rodrigo Mora esteve nos sub-17, mas, a nível de clube, treina na equipa principal do FC Porto com jogadores de inegável qualidade. É um jogador com enorme talento e uma relação com a bola muito boa. Adoramos esse tipo de jogadores e estas chamadas de jogadores jovens com idade sub-21 [à seleção principal] abrem o espaço para que possamos ter a oportunidade de ver novos jogadores. O Mora insere-se nesse grupo”, explicou Rui Jorge, sobre uma das revelações do Europeu de sub-17.
Golos memoráveis para guardar
As suas jogadas, a visão de jogo, o trabalho defensivo apesar dos seus 1,68 metros e dos 56 kg, a inteligência, chamam a atenção, mas é na forma como marca golos que Rodrigo Mora mais se destaca. Para ele o golo tem de ter nota artística. Estreou-se a marcar na goleada ao AVS na 5.ª jornada, quando fechou as contas do jogo aos 88 minutos.
“Nunca mais me vou esquecer. Foi um golo com alguma sorte à mistura, mas também è preciso às vezes. Foi um dia muito bom, ganhámos 5-0 e isso é o mais importante, mas foi um dia que fica marcado na minha vida”, comentou, à ‘Revista Dragões’.
Um golo marcado aos 17 anos, cinco meses e 23 dias, que o fez ultrapassar trás Rúben Neves (2014), Serafim (1961) e Acácio Mesquita (1927) e ficar apenas atrás de Fábio Silva se estreou a marcar com a camisola principal do FC Porto em 2019, diante do Coimbrões na Taça de Portugal, aos 17 anos e três meses.
Depois de também de ter fechado o Moreirense 0-3 FC Porto da 15.ª ronda, o jovem mágico meteu nota artística no terceiro golo de azul e branco ao peito, na goleada ao Boavista, no dérbi da Invicta, na 16.ª jornada da prova. Um golo que levantou a planteia do Dragão, pela dificuldade e beleza do remate.
“Foi um sonho, porque marcar no Dragão já é uma loucura, mas marcar daquela maneira é ainda melhor. Ouvir o estádio todo o gritar o teu nome era algo que só via na televisão, fiquei mesmo muito contente e grato por aquele momento. De vez em quando vou ver esse golo, pois traz-me sempre um sorriso à cara”, analisou.
Diante do Famalicão, bisou pela primeira vez de azul e branco ao peito. Mais dois golaços, mais um recorde: tornou-se no terceiro jogador mais novo a bisar na I Liga no séc. XXI, atrás de Cristiano Ronaldo e Roger Fernandes, que marcaram dois golos ou mais num encontro com idade inferior ao craque do FC Porto.
Depois de ter somado quatro golos e duas assistências em 29 duelos pela equipa B, que atua na II Liga em 2023/24, o médio foi promovido à equipa principal. No verão passado foi o melhor marcador do Europeu de sub-17, com cinco golos, numa competição em que Portugal perdeu na final frente à Itália (0-3), em Limassol, no Chipre, tendo integrado a equipa ideal da prova.
Rodrigo Mora ingressou nos escalões jovens do FC Porto em 2016/17, chegando oriundo do Custóias, e acelerou etapas de evolução, tornando-se mesmo o jogador mais novo de sempre a debutar e a marcar nos campeonatos profissionais nacionais com o conjunto B.
Em 2023 foi galardoado pelo FC Porto com o Dragão de Ouro para Atleta Jovem do Ano.