O tenista português Nuno Borges mostrou-se hoje “desapontado por não ter conseguido jogar bem” diante do australiano Alexei Popyrin, acabando por ser eliminado na terceira ronda de Roland Garros, segundo ‘major’ da época, a decorrer em Paris.
“Faltou jogar melhor. Fiz muitos erros não forçados. Bolas em que tomei a decisão errada e executei mal. Foi um bocado dos dois. Estive dois sets sem conseguir responder ao serviço dele. É patético, a este nível, é verdade, não pode acontecer. Mesmo assim, estive perto, mas senti que agora no fim, fisicamente, estava melhor do que ele, só que não consegui jogar bem, não consegui mesmo executar nada”, confessou o maiato, em conferência de imprensa.
Depois de se tornar no primeiro homem português a marcar presença na terceira ronda do torneio francês, graças a uma vitória frente ao norueguês Casper Ruud, oitavo do mundo, Nuno Borges, número um nacional e 41 mundial, não conseguiu encontrar soluções para contrariar o jogo do adversário Popyrin (25.º ATP) e foi derrotado ao fim de três horas e um minuto, pelos parciais de 6-4, 7-6 (13-11) e 7-6 (7-5).
“Para ser sincero, ponho um bocadinho em causa a minha terceira ronda, porque eu sabia que estava na terceira ronda e não joguei realmente para me sentir na terceira ronda de Roland Garros. Ou, pelo menos, não da maneira que estava à espera. Não consegui fazer as coisas bem. Encontrei uma outra coisa, mas a terra batida exige muito mais do que se calhar o piso rápido e senti-me vulnerável e exposto em várias situações”, revelou.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo jogador luso, de 28 anos, foi o serviço do australiano, muito rápido e eficaz, que lhe permitiu registar 13 ases e ganhar 80% de pontos com o primeiro saque, perdendo apenas seis pontos no seu serviço até ao 10.º jogo do segundo set.
“Logo na resposta. É muito difícil jogar sem resposta. Colocou outra pressão no meu jogo de serviço e, mais uma vez, entrei mal em jogo. Na verdade, não senti que entrei tão mal, mas ele jogou bem ali dois ou três pontos e eu cometo um ou dois erros, e pronto, começa logo ‘break’ acima. Depois, a servir bem e eu sem conseguir meter uma resposta, fica complicado à melhor de cinco sets”, explicou o tenista do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis.
Assegurando que tinha “as expectativas bastante assentes na terra”, após o triunfo sobre Ruud, duas vezes finalista em Roland Garros (2022 e 2023), porque sabia que o adversário “não estava bem”, Borges também tinha consciência da necessidade de ter de “jogar melhor” hoje para ultrapassar Popyrin.
“Só que não joguei melhor, de todo. E as condições estavam muito diferentes do dia em que joguei com o Casper. Estava a chover, o campo estava pesado, as respostas estavam a encaixar ao nível da cintura. Hoje, estava tudo muito mais alto, muito mais saltitão. Muitas dificuldades na esquerda, principalmente a responder”, justificou.
Consumada a despedida da prova de singulares, e com a eliminação ainda muito presente, Nuno Borges revela não ser capaz de ver muitos aspetos positivos da campanha histórica na ‘catedral’ da terra batida, onde se tornou no primeiro português a bater um jogador do top-10 mundial num torneio do Grand Slam.
“Não me alimento dessas coisas. Foi história para Portugal e acho ótimo, mas a verdade é que estou tão focado no meu caminho e a fazer a minha cena, como costumamos dizer, que ia tentar ganhar este jogo e nada mais importava. Não consegui, agora estou frustrado e desapontado, porque também não consegui fazer um bom jogo e, se tivesse jogado bem contra o Casper e tivesse perdido, se calhar saía melhor do que aqui com uma terceira ronda”, defendeu o maiato.
Apesar de confessar estar “chateado por não ter resolvido melhor” as situações em campo, o tenista luso admite que os 100 pontos amealhados são “extremamente importantes num torneio do Grand Slam”: “Não é todos os dias”.
Afastado do quadro de singulares, Nuno Borges prossegue na competição de pares com o parceiro francês Arthur Rinderknech, ao lado de quem vai discutir a segunda ronda frente aos 12.ºs cabeças de série, o sueco Andre Goransson e o neerlandês Sem Verbeek.