Villas-Boas: “Jorge Costa metia o corpo, ralhava, levava-nos para a luta e só largava quando nos visse unidos”

Jorge Costa foi o mote para o editorial que André Villas-Boas assina na edição de agosto da revista Dragões. O presidente do FC Porto começou por recordar a morte de várias figuras ligadas ao universo portista nos últimos anos, com destaque para Jorge Nuno Pinto da Costa e Diogo Jota.

“Os últimos meses têm-nos colocado à prova. Sofremos enormes perdas, por todas sofremos, como hoje estamos a sofrer com o desaparecimento de Jorge Costa. Lembro, com particular destaque, os nomes de Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente dos presidentes, de Artur Jorge, o treinador que nos deu a primeira Taça dos Campeões, dos irmãos Diogo Jota e André Silva, dois jovens que tanto nos deram, mas ainda com tanto para nos dar. Cumpre-nos responder a estas agruras, que tanto nos ferem, mas não nos derrotam, com o ânimo reforçado de devolver a estes Homens o muito que nos deram e valorizar o seu legado. Deixaram-nos, mas as suas vidas serão eternamente celebradas, em cada uma das camisolas azuis e brancas que entrarem em campo”, recordou.

Sobre Jorge Costa, André Villas-Boas recordou que o ‘Bicho’ era um dos “mais queridos jogadores” dos portistas, “alguém que vivia o clube e o portismo como poucos.”

“Era único na sua forma de ser e de se relacionar connosco e com as nossas cores. Ele personificava tudo o que é e que queremos que seja sempre o FC Porto: uma forma vertical de lutar pelas vitórias, um espírito de conquista sem limites, uma entrega sem concessões ao clube que amamos. A liderança que carregava às costas, com o seu mítico número 2, marcou a História do FC Porto com conquistas nacionais e internacionais”, elogiou.

O presidente do FC Porto recordou o “amigo exigente” que partiu, que “quando sentia que alguém esmorecia, logo vinha com uma mensagem de força e de foco.”

“Ainda há pouco tempo me escreveu estas palavras: ‘André, quero que saibas que estarei sempre ao teu lado, pelo nosso FC Porto’. Ele diria estas palavras a qualquer portista. O Jorge era assim: metia o corpo, ralhava, levava-nos para a luta e só largava quando nos visse unidos, outra vez a festejar uma vitória”, escreveu.

No editorial quase todo dedicado a Jorge Costa, AVB recordou alguns episódios que teve o ‘Bicho’ como protagonista.

“Muitos de nós recordam o quanto sofreu quando teve de nos deixar para representar outro clube fora de Portugal. E sobretudo recordamos a sua rasgada alegria quando regressou e vestiu de novo a camisola azul e branca. E o que fez a seguir? Ganhou tudo”, lembrou o presidente dos azuis e brancos, recordando a forma altruista como Jorge Costa abdicou da carreira de treinador para ajudar o clube do coração.

“Também não esquecemos que, quando triunfava como treinador, decidiu abandonar a sua carreira porque acreditava que poderia ser de novo útil ao seu clube, desta vez num cargo diretivo. Veio sem arrependimentos e entregou-se de corpo e alma às suas novas funções de Diretor do Futebol Profissional. E foi assim que se despediu de nós: a trabalhar para o sucesso do FC Porto, depois de uma reunião técnica e de uma entrevista em que falou sobre o próximo jogo. Falou com o espírito de sempre, mostrando uma vontade férrea de ganhar sempre o próximo jogo e todos que lhe seguissem. O Jorge Costa nunca desistia. Mas, mesmo sabendo o quanto era importante para todos nós, nunca reclamou uma vitória para si. As vitórias eram sempre do FC Porto. O legado de Jorge Costa permanecerá para sempre vivo na memória de todos nós e cumpre-nos honrá-la, diariamente, sem nunca esmorecer. Jorge, vais deixar uma enorme saudade, mas não duvides que lutaremos por ti como tu lutaste por nós e pelo FC Porto. Nunca serás esquecido, Capitão”, finalizou.

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